sábado, 26 de outubro de 2019

O MUNDO PODE ESTAR INFLUENCIANDO A IGREJA QUE VOCÊ FREQUENTA!

"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 Jo 2.15).

Se você caminha pela senda evangélica a mais de 30 anos - você entende perfeitamente o que o título deste artigo sintetiza. 

Acredite, o inadmissível aconteceu dentro de muitas campais, pois entraram sutilmente o desfile carnavalesco (Carna Jesus), funk, stand-up, jogos de futebol exibidos no templo, ringue de lutas armado e competições de MMA acontecendo no interior do santuário -  festa de quadrilha (ou seja: algo parecido com o sincrético São João católico) - festas à fantasia, humoristas, coaches, cobranças de ingressos para eventos - mais uma vez realizados dentro da casa de oração e tudo isso, conectado ao termo "gospel", e tal composto liberou geral para nós. Isso tudo contribuiu para nos tornamos numa geração sem limites (parece divertido quebrar mandamentos e orientações do Senhor), sem temor e irreverente ao que é santo e sagrado. O improvável aconteceu e ocorre em tantas celebrações; o cúmulo do "absurdo evangélico" estabeleceu-se de vez como algo normal e aceitável para uma incontável multidão de crentes professos. 

Para alguns mais conservadores, podem culpar a Satanás (seus ardis funcionaram e iludiram uma geração que rejeitou legados de fé), é possível argumentar profeticamente que é por conta da multiplicação da iniquidade; julgar a globalização, atribuir o quadro medonho ao fácil acesso à informação e ao entretenimento barato, vazio de sentidos e extremamente despudorado que desencaminhou uma nova geração que agora ocupa posições de liderança em nossas igrejas. Ou seja, são muitos os prováveis culpados - mas, ninguém aparece para "pagar o pato" ou apontar de fato os responsáveis pela banalização dos bons costumes e da vida íntegra e pura pertinente a todo verdadeiro cristão. 

Destacam-se dois esteriótipos de comunidades protestantes: as "fundamentalistas" que valorizam mais regras absurdas e credos legalistas extra-bíblicos (Cl 2.20-22) do que as pessoas que Jesus tanto amou e que precisam de ajuda cristã (Lc 5.31). Do outro lado há comunidades tão "liberais" e aplicadas ao bem estar de seus frequentadores - que a igreja parece mais um clube social do que a coluna e firmeza da verdade (2 Tm 4.3; 1 Tm 3.15). Portanto, o descrito cenário cristão atual ensina que nem o fundamentalismo e menos ainda o liberalismo do "não tem nada a ver" - resolveram a questão do NÃO mundanismo. Enfim,  o primeiro grupo é um verdadeiro estranho social (parece transformar indivíduos, mas não a comunidade). Já o segundo, nenhuma importância de testemunho cristão têm - pois de tão social e horizontal que ficou - tornou-se na melhor amostra metafórica do sal estragado (Mt 5.13).

Individualmente os crentes tidos como "fundamentalistas" (na acepção específica deste artigo) e os liberais são na verdade reflexos do doutrinamento e dos modos de vida e de funcionar de suas respectivas igrejas locais - são produtos do meio formador em que estão inseridos. O mundanismo está enraizado dentro de cada um de nós (Mc 7.21-23) mas, nossas comunidades podem nos ajudar podando ou adubando tais propensões (1 Co 11.16; 15.33); . Não há uma equação resolutiva - há uma constatação inegável de que nem regras e menos ainda a falta delas - produziram uma comunidade espiritualmente pura, moralmente exemplar e eticamente modelo para a sociedade em sua volta.

"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus" (Ef 5.15-16).

Mas, há quem diga que "mundanismo" nos quadrantes bíblicos é um conceito com sentido transitório e de assimilação distinta em cada geração (exemplo: no passado - entre os fundamentalistas - era pecado ouvir rádio, assistir televisão, ir ao cinema, frequentar academias ou até mesmo ir à praia - mas, hoje não é mais pecado para boa parte deste grupo). Do outro lado a turma mais light também não aceitava a prática do divórcio e do novo casamento (a citar como exemplo) mas, agora a aceitam sem qualquer questionamento. 

De certo modo o entendimento acima - assevera que o pecado não está nas "coisas" e sim nas pessoas que veem o mal em tudo - e por isso concluem: "se você em sua consciência, ou verdade particular - aceitar determinada prática sem que haja peso ou condenação interior - é sinal que poderá fazer o que quiser, pois Deus não lhe julgará - afinal, você é livre". Eu penso que tal proposição é na prática um dos problemas do mundanismo em muitas comunidades evangélicas hodiernas - a relativação da verdade - na base de que cada um tem à sua. E, compreendo que tal afirmativa corrobora, erradamente no significado de que a igreja é apenas uma das alternativas de orientação à vida espiritual e moral - e não uma entidade singular que comunica e vive em consonância com a única e suficiente verdade do Evangelho para os homens e mulheres (Jo 17.17.

Podemos até tentar entender e explicar o desarranjo comportamental de muitos membros de comunidades através de argumentos sociológicos (talvez o da Pós-Modernidade seja o preferido); mas, precisamos admitir que estamos pagando caro o preço da ausência da séria e necessária instrução bíblica, vivência da Palavra e correções de práticas de gente que falhou, continuou errando e sendo "adulada", e que permitiu com essa tolerância infinda, trazer para dentro da "igreja" práticas que nem mesmo os católicos admitem em seus templos e fileiras.

É possível que algumas estratégias de atrair muita gente para a igreja - e fazer da comunidade um aglutinado das massas - tenham em seus arrastões também colaborado com uma mistura do tipo "um pouco de fermento leveda toda a massa". Pregações e ensinos compostos de uma mensagem de paz e amor (quase hippie) e somente isso. Profetas do triunfalismo em cujos prenúncios só se ouve "Deus vai te dar vitória", não importando a razão das lutas ou a motivação dos pedidos de vitória. A mistura do unilateralismo dessas mensagens com a mínima posologia doutrinária - produziram a pretensa teologia de um demiurgo que não confronta nossos repetidos pecados - mas que com afagos e abraços compreende nossa razão dominada por inúmeras e variadas transgressões.  De fato o crescimento de comunidades evangélicas que não ensinam renúncias (aquelas pautadas nas Escrituras) - tem cobrado o seu preço - e o ônus de um cristianismo reproduzido em escala industrial, só pode ser artificial e sem a devida identidade cristã

Entender com exatidão a questão e decifrar o código perverso do mundanismo implantado dentro de muitas comunidades é desafiador e até impreciso - mas, isso não exclui o fato de que muito daquilo que se chama "gospel" e "coisa de crente" em nossos dias - seria refutado como carnal, ímpio e desviado pelos decanos da igreja - que hoje - ou estão quietos remoendo o saudosismo das glórias da simples e autêntica vida evangélica de seus tempos - ou correram para comunidades fundamentalistas ao extremo; ou quem sabe, tais "dinossauros da fé passada" são totalmente ignorados pela presente e inovadora geração de crentes descolados, hiper-conectados e mundanos, muito mundanos no sentido bíblico.

Mundanismo no sentido bíblico é um modo de vida regido pelo príncipe das trevas (Ef 2.2-3), que visa atender às nossas mais vis e reprováveis concupiscências (desejos ardentes), que alimenta nossos olhos com o que não presta; que enche-nos de podridão e que desalma-nos dos mais puros e nobres sentimentos cristãos (1 Jo 2.16-17). É o culto aos desejos - celebração cúltica centrada no homem temporal, é o endeusar de nossas vontades e aspirações mais mesquinhas e egoístas - é um pseudo-evangelho de ganhar sempre e a qualquer custo - com promessas vazias de prosperidade, de facilitada auto-realização - relações utilitárias com um deus inventado pelos falsos conferencistas, pregadores e profetas - e que funciona na base do "toma lá, dá cá".

Amar o mundo é desejar as coisas do mundo, é querer ser e agir como o mundo é e faz. Se não há mais diferença entre os ditos crentes de muitas igrejas e os ímpios com seus adultérios, mentiras, trapaças, glutonarias, bebedices, e toda sorte de obras da carne (Gl 5.19-21). Portanto, há necessidades de atos bíblicos na congregação que não devem ser ignoradas - assunto para o nosso próximo artigo.

Que o Senhor te abençoe!

BEM-VINDO AO AZORRAGUE GOSPEL!



"E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda" (Jo 2.15, 16).

Eu tinha considerado seriamente parar de escrever para crentes na web!

Refleti depois de escrever muito no espaço dos outros (contribui com colunas regulares em alguns portais evangélicos de grande audiência nacional e até em revistas regionais impressas e para meio evangélico). Desacelerei depois de notar que boa parte do que escrevemos (eu e mais um montão de gente mais competente que eu) vai para as páginas não visualizadas do desprezo e do esquecimento -  se depender da maioria dos crentes na internet. Por isso, quase desisti...

Mas, descobri que contribuir para a formação da consciência e da vida cristã dos outros, requer investimento de tempo, estudos e muita, muita paciência e persistência em compartilhar conteúdo relevante (infelizmente, nem todo conteúdo dito cristão e que está disponível online é relevante se submetido à uma "peneira bíblica").

Reconsiderei e concluí que tenho um ministério - fadado ao fracasso - pelo menos na perspectiva dos crentes "nutella" desta geração com casquinha cristã, rasa de bíblia, imediatista na vida e manhosa nos âmbitos eclesiásticos. Mas, pela bíblia entendi que o ministério eficiente não é o que é curtido pela maioria - e sim pelo impacto sobre as vidas que o acompanham - pelo legado à posteridade. Então, e só por isso - aqui estou novamente - como um anônimo de Jesus, mas com Jesus - escrevendo de novo, e para crentes na internet.

E por quê o nome Azorrague Gospel? Por que atuaremos através de nossas reflexões contra desmandos eclesiásticos, comércio dentro de igrejas, politicagens para enganar os irmãos, esquemas de poder, trapaças que envolvem finanças, ou seja safadezas mesmo - travestidas de "evangélicas", "cristãs", "pentecostais", "carismáticas", "ungidas", "reveladas" e etc. 

Espero que os artigos que você encontrar aqui possam lhes ser úteis e proveitosos em sua vida cristã e de algum de modo à sua comunidade, irmãos e familiares. Se for edificado compartilhe em suas redes, desse modo minha missão terá mais alcance e significado.